quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Os sons do silêncio

Os pais mais experientes já me alertaram, você está se preparando para ser pai, então durma, durma bastante, pois você não vai dormir mais. Ao mesmo tempo em que ameaçam, já me tranquilizam, pois eles mesmos garantem que a falta de sono não vai me tornar um sujeito mal humorado, muito pelo contrário! Vejo no rosto desses pais que estão falando a pura verdade (desconfio até que há uma pitada de saudades), pois se expressam com tamanha alegria e satisfação, que mais parece trote para receber o novato do clube. Um bullying do bem, pois sem violência física ou moral.


Eu me ocupo desse tema. Prezo bastante o silêncio e a serenidade, não só de noite, mas o dia todo. Busquei e consegui morar numa casa pacata, aconchegante, onde podemos ler livros, assistir filmes, degustar um vinho e queijo, enfim, repousar e distrair sem ser perturbado.


Sinto que vamos perder essa paz, mas vamos ganhar outra. Não estou preocupado com as perdas, estou ansioso pelas transformações, pelas novidades. Uma paz diferente está por vir, mais cheia de vida e, portanto, cheia de desordem e barulhos. Com um pouco de abstração, espero compreender a harmonia do caos e, assim, manter a tranquilidade da alma nessa nova caminhada.


Importante deixar registrado que o lar onde nascerá nosso filho está repleto de amor, sossego e contentamento. Espero que eu possa ler este blogue daqui a vinte ou trinta anos, para me lembrar disso. Antevejo que o desafio será retornar ao silêncio prazeroso que hoje temos, pois o furacão da alegria passará, deixando um vazio, caberá a nós então lembrarmos que esse vazio não é solidão, mas retorno ao silêncio aconchegante do qual brotou nosso filho.

domingo, 21 de novembro de 2010

Este é um blogue de homem!


Domingo, os grávidos acordaram 7h30, sem sono e dispostos, a essa hora, já foi satisfeito o desejo da grávida, já suamos o corpo (ela caminhou, eu corri), assistimos uma partida de tênis na quadra do bairro, jogamos conversa fora.
 Certamente, você já ouviu falar que os pais sentem (ou será que só a mãe poderá sentir?) qual vai ser o nome da criança, hoje, estou pensando que vai se chamar Estela,   


Chega de computador, pois está na hora de cumprir as recomendações médicas. Bom domingo a todos! 

sábado, 20 de novembro de 2010

Simples assim

Nunca sabemos onde vamos encontrar um amigo, como já disse o poeta, amigos nós não fazemos, nós os reconhecemos. Contei sobre minha paternidade a um colega com quem já tinha afinidade pelo trabalho e ele, por e-mail que segue abaixo, compartilhou comigo um momento cotidiano. A história... não vou dizer que é uma história linda e que me emocionei profundamente, mas que isso é verdade, ah!, isso é. Não espero que meus amigos solteiros (ou sem filhos) gostem ou se emocionem, pois até poucos meses atrás eu leria uma história dessas tão rapidamente que não teria tempo para sentimento algum.

Aí vai, simples assim, como navalha na carne.
 

"Marcelo,

Já acessei o seu blog. Pensei que fosse sobre o direito, mas na verdade era sobre algo mais importante... a paternidade. Pelo que vi, você está curtindo cada momento. Isso é um ótimo sinal. Parabéns! Apenas para compartilhar...


Depois da reunião, busquei o meu carro da revisão. Brinde: lanterna ou sacola ecológica? Pensei nas crianças. Lanterna, óbvio. É incrível como uma lanterna de cinco reais pode fazer enorme sucesso com crianças de 2 a 6 anos.
Cheguei no meu prédio. Encontrei o Pedro (nove anos) e o Gabriel (quatro anos), no elevador, chegando da escola. Imediatamente, a lanterna foi disputada e retirada da minha mão. Pensei: escolha certa!

Depois disso, jantei com o Pedro. O Gabriel esperou para jantar com o Artur (sete anos), que chegaria mais tarde da escola, pois era dia de esportes no pós aula.

Após ler introdução, agradecimentos e primeiras páginas do seu livro (e descobrir que tivemos um membro em comum na nossa banca de mestrado), fui interrompido para encher duas bolas de futebol. Depois disso... a Ju (única mulher do lar e representante da minoria esmagadora), chegou.

Tensão: ajudar o Pedro a definir qual amigo seria indicado para cair na mesma classe no próximo ano letivo. A escola permite apenas uma indicação, mas exige que haja reciprocidade entre os indicados. A tarefa é cruel. Se você demorar, seus melhores amigos já terão fechado acordos entre si e o sentimento de exclusão – a meu ver – é inevitável. Além disso, você se vê obrigado a expor aos demais colegas qual é o seu preferido e, talvez, ter a desagradável sensação de ver que a recíproca não é verdadeira, ou que até seria, mas alguém já chegou antes e ele já combinou com o fulano. A criança introvertida poderá se sentir excluída, a comunicativa e com muitos amigos, extremamente dividida. Não há decisão sem dor. Assim,  depois de certo nervosismo, algumas lágrimas, “não vou indicar ninguém” ou  “deixa qualquer um” ele definiu o nome. 

Passada a turbulência e para descontrair, jogamos (os cinco) um jogo de tabuleiro (lince), no nosso esforço recente de resgatar estes hábitos. Pedro foi fazer lição e aí, algumas consultas, população de São Paulo, fundação, Vila de Piratininga, vereadores, nomes etc. Isso que é reciclagem de aprendizado. Gabriel pegou um livro (“Não faça isso Dragão) e li para ele. Dessa vez, o que é raro, ele não falou “de novo” no final, mas gostou mesmo assim. Ato contínuo, apareceu com uma folha de sulfite (rascunho) e pediu: Papai faz um avião? Mas aquele turbo, ok? Um, dois aviões e aí, surgiu o Artur, após ter pintado uma folha com azul e vermelho, disse. Papai faz um pra mim, mas com esse lado pintado para fora, ok? Bem, mais um avião da linha de produção Papai-Embraer e missão cumprida (após alguns voos). Outra folha e o Gabriel pediu. Papai, agora escreve o nome dos meus amigos?  Lorenzo, Julia, Neto, etc. Eu escrevia e ele adivinhava.  Ele ainda não sabe ler, mas já identifica o nome dos coleguinhas, por isso, a cada acerto uma comemoração.

Pipoca, alguém teve a idéia. Ajudei o Artur a abrir o pacotinho e colocar o envelope no microondas. Essa foi fácil. Ficaram assistindo o CQC da Band, que estava gravado no HD da TV (nem só de intelectualidade é feita a casa de juristas!). Quase onze horas ... Pedro e Artur, o primeiro corintiano e o segundo palmeirense, viram um pouco do jogo do Palmeiras, mas depois foram dormir. Pijamas (e fralda, ainda para o de 4 anos) e prontos para o descanso.
 

Não deu para retornar para o seu livro, mas nada como um dia após o outro. Sem dúvidas um dia especial, tarde com os amigos (sem trabalho rotineiro) e em casa, mais cedo e mais descansado, para desfrutar da esposa e FILHOS.
 

Que bom que você comprou os seus tíquetes para embarcar nesse voo. Que dá trabalho, mas é puro prazer. Fica então a frase, que não é minha, mas está afixada na porta da nossa geladeira:
 

“A decisão de ter um filho é muito séria. É decidir ter, para sempre, o coração fora do corpo” (Eric Stone).
 
Acho que você já está percebendo isso, não?
Bem, me delonguei um pouco.
Mas, foi só para compartilhar....
Abração”

Superstição

Tenho algumas superstições, mas não o suficiente para fazer de mim um cara supersticioso. Apenas acho prudente não elogiar muito, pois senão estraga, principalmente quando está acontecendo algo bom e que foge da média. Já faz algum tempo que gostaria de contar como minha esposa está bem, não tem enjoos, não tem vômitos, não tem desejos estranhos, não tem excessos de sono nem de cansaço, muito menos desamaios (esses só vi em novelas). Contrariando às expectativas, o funcionamento do intestino melhorou! Até cheguei a pensar que ela não estava grávida, sandice que durou até o ultrassom. Pois bem, como seguir superstição não é garantia de sucesso, domingo passado minha esposa adoeceu. Nada grave. Seguindo a tendência do consumo brasileiro, os sintomas não vieram com desconto, mas em suaves prestações, cada dia apenas um sintoma: domingo, dor de garganta; segunda, resfriado; terça, corisa e nariz entupido; quarta, dor de cabeça; quinta, voz fanha. Ainda bem que não cobraram as dores no corpo (putz!, não devia ter falado). Hoje ela já está bem melhor, mas com desejo de comer cereal em forma de pequenas rosquinhas. Quem resiste ao pedido meigo de uma grávida que acabou de ficar doente?

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Anos completos



Melhor um fio branco na cabeça,
do que dois fios pretos no chão.
Ajustei o subtítulo do blogue.
Próximo ano postamos outra foto para comparações.
Posted by Picasa

sábado, 13 de novembro de 2010

Vida atrai vida

Gente atrai gente. Gosto muito dessas frases pelo quê de humano e profano que elas possuem, além delas lembrarem uma das boas piadas que meu pai me contou. Também não é preciso muito esforço para associá-las ao bom conselho que sempre ouvia de um amigo durante a faculdade, mulher atrai mulher, uma advertência para manter amizades femininas, como meio de conhecer e se aproximar de outras mulheres.

Mas a autora das frases, nesse momento de gravidez, foi a minha mãe. No meu dia a dia, essas palavras diretas e sintéticas vão ganhando um significado especial. Basta dizer vou ser pai ou minha mulher está grávida (esta é mais convincente) e as pessoas imediatamente baixam a guarda e colocam um sorriso no rosto, demonstrando ternura e proximidade, onde antes havia indiferença. O cuidado, o amor, o carinho que um bebê inspira já podemos sentir durante a gravidez.

Ah! estava esquecendo, a piada do meu pai é assim. O vovô chega no quintal de sua casa interiorana, então, vindo do outro lado da cerca de pinheiros, ouve uns barulhos estranhos. Cauteloso e um pouco assustado, pergunta em voz alta, QUEM ESTÁ AÍ, ao que uma voz de homem detrás da cerca responde, GENTE, curioso, o vovô continua, O QUE VOCÊS ESTÃO FAZENDO, a mesma voz responde GENTE!

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Não acredito em coincidências


As primeiras barbas da minha vida eu laminei passando água e sabonete no rosto. Usava uma chave de barbear que ganhei promocionalmente na porta do vestibular. Depois evolui para os cremes, aplicados com os dedos, massageando o rosto. Algumas semanas atrás tive uma vontade inexplicável de comprar um pincel de barba. Não sabíamos, mas a minha mulher já estava grávida e essas coisas bem típicas de pai já estavam entrando na minha vida.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Tabela Chinesa

Temos por perto um grande amigo, na verdade, uma família amiga, com quem sempre podemos contar nos momentos de discontração ou de dificuldade. Eles são pioneiros e especialistas no assunto deste blogue e nos enviaram uma Tabela Chinesa, pela qual é possível descobrir o sexo do bebê, a partir de algumas datas lunares. Vocês acham que eu, um cara racional, amante da ciência, estudioso, metódico, com título de mestre, vou acreditar em tabela chinesa? Claro que sim! Até fiquei ansioso, os chineses são donos de conhecimentos milenares, a tabela já esteve enterrada na tumba da família real chinesa e garante um acerto de 99%. Quem sou eu para discordar? Pela tabela, é homem. Mas tem um probleminha. Precisamos fornecer para a tabela o mês da concepção, mas não temos como saber exatamente quando isso ocorreu (os chineses faziam sexo uma vez por mês?). Assim, há uma considerável margem de erro, que não nos incomoda. Não temos pressa. Provavelmente saberemos o sexo no dia do ultrassom morfológico, que é feito, por padrão, na 12ª semana. Pensamos segundo um acertado clichê: pouca importa o sexo, o importante é vir com saúde.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Ver para crer

Eu estaria mais tranquilo se fosse realizar a prova do enem com erros, dessa vez, o frio na barriga pegou minha mulher também. A ultrassonografia requer uma dose de coragem, que só contribui para a emoção do momento. Óbvio que é um procedimento seguro, mas não é nada óbvio ver as entranhas humanas ao vivo! A ansiedade não é pouca e perguntas nada lógicas rondavam minha mente: será que tem um bebê lá dentro mesmo, será que está sendo bem formado, será que tem dois bebês, já imaginou se a dotôra faz cara de dúvida e chama alguém para ver o exame também, ai Jesus...


Já de cara a clínica surpreendeu pela beleza, tem decoração de sala de estar, tranquilizante, tons coloridos suaves, iluminação tênue, melhor que muito quarto de motel, mas é importante você deixar o aspecto sexual de lado, pois bem na sua frente, a ultrassonografista vai pedir para sua mulher tirar a calcinha e abrir as pernas, enquanto ela coloca uma camisinha (ufa! melhor assim) e bastante gel (com esse calor, vai bem um geladinho!) no "equipamento" a ser introduzido... Deixe os detalhes para lá, o importante é o seguinte, o primeiro ultrassom é transvaginal, logo nunca deve ser feito com um ultrassonografista homem, pois o pai não vai suportar a cena e poderá sair machucado.


Então começam as imagens, assumo meu papel de leigo, fico quieto, atento e embarco numa viagem fantástica, com os olhos aguçados para ver meu filho, a primeira parada é no colo do útero, depois ovário direito (de onde saiu o óvulo), ovário esquerdo (que está normal), então ficamos sabendo que não teremos gêmeos. Quando achei que estava vendo o bebê, a dotôra fala "está vendo aquela bolinha ali no fundo... é o saco vitelínico, que está muito bom." A dotôra é nossa simpática guia por um mundo cavernoso, se ela não vai dizendo que está tudo bem, não temos como saber. Sem ela não encontraríamos nosso filho, também, o danado estava de ponta cabeça, o peito arfante, o coração pulsante e, pasmem, podemos ouvi-lo! O som ritmado dos batimentos cardíacos tomou a sala toda, coisa de cinema.

Saí do exame mais pai do que entrei. A paternidade está me tomando aos poucos, quando recebo os parabéns, sinto que estão me transmitindo boas energias, mas não sei exatamente o porquê, vamos descobrir juntos o que isso quer dizer.

É isso, o bebê (para os técnicos, embrião) passou no primeiro exame de sua vida. Ele já tem 1,04 centímetros, vive há sete semanas e quatro dias, seu coração bate a 147 bpm (acho que a mamãe acelerou o bebê) e a data prevista do parto é 21/06/2011 (bom sinal, pois é anivesário do meu irmão).


PS: No texto, não tive como evitar a palavra "filho", que tem um força afetiva e simbólica insubstituível e indispensável nesse primeiro contato. No masculino, sem preconceitos bobos, pois na língua portuguesa o masculino faz o papel do gênero neutro. Dispensei o recurso do parêntesis - meu(minha) filho(a) - pois me parece documento mal escrito, que minha virtude profissional rejeita. Não sabemos o sexo do bebê, ainda não é o momento.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Nova médica

Hoje eu fui ao ginecologista. É parte das primeiras novidades de se tornar pai.  Minha mulher estava bem mais tranquila, é claro, ela já tinha ido ao ginecologista antes, para mim era a primeira vez! Ademais, sentia-me um intruso na relação médico-paciente. Tudo bobagem. A consulta foi ótima e estamos felizes com a nova médica, que se mostrou muito eficiente e solícita. Eu fiquei com o caderno na mão, onde estavam anotadas nossas dúvidas, e a caneta de pé, para ir anotando os conselhos. A "dotôra" recomendou dez minutos de topless todos os dias. Excelente! A ideia é que o sol fortalece a pele e reduz a probabilidade dos mamilos racharem com a amamentação, principalmente porque nossa pele é muito branca. Nossa pele? Na verdade, só importa a pele da mãe, mas estamos juntos nessa e tenho que assumir: sou branco pacas! O primeiro ultrassom está marcado para segunda-feira, até breve!