terça-feira, 14 de agosto de 2012

A sós

 Alice foi na médica comigo. Sem a mamãe. Por conta desses concertos e desconcertos do cotidiano moderno, combinamos  nesse dia que mamãe vai trabalhar e papai leva o bebê no médico. Eu adorei. O tempo passa rápido quando fico admirando minha filha. A mamãe diz que gosto disso porque faço pouco, se fosse para ficar o dia todo, todos os dias, eu enjoaria rapidinho. Talvez seja verdade. 
 Durante a consulta, a médica avisa que o esperado para um bebê de mais de ano, sem roupa, diante da balança e fita métrica, é agitação, gritaria, esperneio. No entanto, Alice novamente surpreendeu. Essa menina transcende o elementar. Ela ficou fixa, atenta, olhando a médica nos olhos (elas se conhecem), como se indagasse, como se pudesse prever os próximos movimentos, buscando compreender a fundo o que se passava naquele momento.
 Eu fico orgulhoso, pois sinto que, no lugar da Alice, faria o mesmo. Identifico-me com essa forma de encarar o mundo e as adversidades. 
 Por fim, tenho também a prazerosa sensação de vencer mais esse pequeno desafio e concluir que não há nada com relação a Alice que eu não saiba fazer: ir ao médico, trocar fralda, trocar roupa, escolher a roupa (nesse ponto, preciso apenas combinar melhor as cores), dar alimentação, brincar, passear, dar remédio. É o sentimento de superação do susto e da insegurança que toma os pais nas primeiras semanas do nascimento. No entanto, a mamãe ainda me avisa, preciso aprender a dar broncas no bebê.