quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Música

Uma amiga de minha irmã, que também tem filha Alice, indicou duas músicas com esse belo nome! Apreciem.



sábado, 22 de outubro de 2011

Dorme comigo

 Alice, acabei de te fazer dormir, no carrinho. Sua tia foi a primeira a fazer isso e, por algum tempo, a única que conseguia. Depois de mais de quatro meses dormindo apenas no colo, com o incentivo e o ensinamento da tia, bastaram duas semanas e já gostas de dormir no vai-e-vem do carrinho. 
  Deixe-me explicar melhor, para quem não é da área. Os bebês não sabem dormir. Podem estar com muito sono, mas não se entregam facilmente. O pais precisam preparar o caminho. 
  Hoje conheço os teus segredos. O primeiro é te enrolar  numa manta, prendendo teus braços e envolvendo teu corpo. Tu nasceste no frio e adora dormir enroladinha, no começo, quando se mexia parecia uma minhoquinha, um bicho de goiaba, um casulinho. Mesmo agora, com dias mais  quentes, é fundamental te envolver antes de dormir. Aliás, isso me fez pensar em mim, pois pode estar o calor que for, eu prefiro dormir embaixo do lençol. 
 Depois de enrolar, te pego no colo, bem junto ao corpo e começo um balanço suave. Fiz muitas experiências até descobrir qual é o embalo ideal para te aconchegar e acalmar, sempre contando com a ajuda da mamãe. O que fico intrigado, até hoje, é que tenho de estar de pé. Não adianta ficar sentado, ainda que simule o suingue de estar de pé. Tu percebes e choras sempre que sento. Há algo mágico em ficar flanando há um metro e meio do solo que não existe se o papai estiver sentado. 
 Como se não bastasse, tuas preferências mudam, inesperadamente começaste a recusar meu colo, esperneando e berrando. Após erros e tentativas, descobri que estavas cansada de olhar só para mim, preferias ficar com vista para o mundo.   
 Foi assim que perdi o medo do desconhecido que tive logo nos primeiros dias. Descobri que te fazer dormir no colo é a sensação mais próxima que conheço da plenitude. Transborda paz e ternura.
 Acontece que a vida não é feita apenas desses momentos. Sinto profundamente dizer que é cansativo te fazer dormir no colo todas as vezes, ganhaste peso e não poderemos ficar assim para sempre. Educar não é só amar e desconfio que a educação começa antes mesmo da gravidez. É uma opção de seus pais, queremos dar-lhe independência. Mimar demais pode ser gostoso para nós três, mas o risco é nos tornarmos todos adultos carentes, dependentes. Amor não é isso, pelo menos não deveria ser isso. O segredo está no equilíbrio, queremos que você se sinta independente, seguindo o seu próprio caminho, jamais queremos que você se sinta abandonada, largada no mundo.
 Mas eu estava mesmo te dizendo sobre tuas manias para dormir. Não é raro, mesmo acalentada no colo, te ouvir fazendo barulhos, por vezes gritos mesmo, segundos antes de dormir. É muito curioso, quem visse e ouvisse os berros jamais imaginaria que o bebê estava se encaminhado ao sono. É um berro nervoso e, no instante seguinte, como uma mágica, os olhos fechados e o corpo mole, totalmente solto, entregue, numa paz e serenidade.
   No vai-e-vem do carrinho, tu dormes direto, sem os berros, numa paz, então me parece que preferes assim e eu fico a pensar, condoído, que a independência não parte apenas de mim. Bom sono, filha, e obrigado por tudo, afinal, apesar dos trabalhos, pude escrever este texto todo antes que teu sono acabasse ou, mais que isso, pude experimentar e viver bons sentimentos.

domingo, 9 de outubro de 2011

Quem tá na chuva



 Alice tomou sua primeira chuva! Foi de improviso, como costuma ser o prazer de tomar chuva. Em plena Praça da República, no centro de Sampa. Eu não poderia imaginar lugar melhor, tão simbólico para mim e para a nossa cultura. Era apenas uma garoa, mas tal engrossou e nos pegou no caminho. Podíamos nos esconder ou correr, fizemos os dois, corríamos e descansávamos, buscando proteção junto a uma barraca de artesanato ou banca de jornais. Aproveitamos muito a adaptação da cidade aos cadeirantes, pois Alice foi no seu carrinho, uma máquina de corrida. Foi divertidíssimo, uma benção! Aliás, não a única do dia, pois fomos lá para comemorar o casamento de um grande amigo meu. Estávamos receosos por não saber como ela iria se comportar, como ela seria recebida, se haveria espaço para nós, afinal, penso que bebês não dão trabalho apenas para os pais, mas podem incomodar muitos ao seu redor. Estou começando a mudar esse pensamento, talvez os bebês só incomodem gente chata. Foi tudo ótimo nesse casamento! Claro que temos novas restrições, por conta dos cuidados com a Alice, mas temos também muitas alegrias por conta dela. Vocês já ouviram falar que para agradar aos pais, basta agradar seus filhos? Senti isso na pele. Alice foi muito querida, até por gente que nós não conhecíamos ou com quem não temos muito contato.  Fiquei muito orgulhoso e lisonjeado. Acho que contribuiu para o sucesso desse encontro o fato de que este casal amigo está cercado de pessoas boas, de mente aberta (não são preconceituosos, nem tem idéias fixas), são pessoas especiais.
  Enfim, deixo aqui o registro de minha imensa felicidade por ter reencontrado bons e imprescindíveis amigos, que não me estranham, nem me tratam de maneira diferente só porque estou com um bebê (não sei donde tirei essa suspeita de rejeição, acho que foi do livro inglês que li).
  A foto lá em cima é de antes, segue a foto do depois. Beijos e Abraços, Marcelo.
xii... a mamãe ficou para trás!
 

 PS: Isso tudo foi ontem. Hoje, Alice completou 4 meses, com mais de 6 kg e mais de 62 cm de comprimento.