domingo, 16 de janeiro de 2011

Mais de quatro meses


 Já chegamos na metade da gravidez e preciso confessar algo constrangedor. Estou conversando com a barriga! Não a minha, graças à Deus, mas a de minha mulher, que é muito melhor.

 Acontece que eu acredito em livros e médicos, ambos dizem que nessa fase da gestação já é possível ao bebê ouvir sons. Então, é preciso coragem, encher o coração de esperança  e abstrair a barriga ou, se você for mais pragmático, basta lembrar do ultrassom, pois a ciência te dá a certeza de que o bebê está lá e pode interagir. Sem essa percepção, científica ou emocional, a cena é um tanto ridícula. 

 Não faço isso em público de jeito nenhum e também não afino a voz. Sempre achei patética aquela vozinha fina de falar com bebê, que me soava um tanto imbecilizada. Continuo pensando que não é preciso falar fino para ser um bom pai, pode falar normal, mas já sinto em mim as transformações da paternidade, agora mesmo, escrevendo, pensei em trocar o "imbecilizada" por "infantilizada". Talvez o ridículo seja falar grosso, pois é uma demonstração da incapacidade de conhecer a realidade do bebê e se adaptar a ela.

  Falar com a barriga, quero dizer, falar com o bebê é importante para ele já se acostumar com a voz do pai e não estranhá-lo após o nascimento. A voz da mãe ele já ouve a todo o momento e isso fortalece o vínculo com ela.

 Aliás, em matéria de vínculo com a mãe, a afeição com a voz é café pequeno, pois dizem que o bebê se sente uma parte da mãe, sendo uma de suas primeiras descobertas aprender que é um ser individual, distinto de sua mãe.

 Estamos longe de estabelecer uma competição entre pai e mãe pelo vínculo com o bebê, mas não deixamos de fazer comparações entre nós, saudáveis, porque servem de reflexão para nos conhecermos melhor nesse novo momento da vida.

 Assim descobrimos juntos que o pai pode fazer algo bem gostoso que a mãe não pode, que é encostar a cabeça no ventre onde está sendo gerado nosso filho, fechar os olhos,  ouvir os mesmos sons e sentir-se bem perto das pessoas que ama.

 A gravidez te faz abrir os olhos para coisas que você não estava vendo. Isso não é nada especial, passar de bicicleta pelo caminho que você sempre passa de carro tem o mesmo efeito. O que a gravidez tem de especial é te convidar a olhar para a vida.

2 comentários:

  1. E o que você diz a barriga? Que monólogo você pratica nesta atividade? Diga-me para que eu possa desembainhar a espada da inocência e cortar minhas amarras...

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  2. oiin q lindoo um pai mto fofo

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